Porto Alegre 232 anos e os seus cidadãos anônimos.

 

Porto Alegre 232 anos e os seus  cidadãos anônimos.

Publicado originalmente no Jornal Zero Hora com o titulo “Os novos tipos de Porto Alegre” caderno Zero Hora Geral em Abril de 2004. Texto do Jornalista Moisés Mendes .

A trilha musical é Tributo a Bedeu musico e compositor que junto com os anônimos artistas da noite  de Porto Alegre prestaram a sua homenagem a um dos seus músicos anônimos para as  gerações que não se recordam .

Esse é um  programa para todos os cidadãos que no silencio da existência de uma forma ou de outra colaboram com a vida de um Porto Alegre.

OUVIR O PROGRAMA NA WEB

HISTORIAS MUSICAIS

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MOTOBOY

Leandro Valim acorda e vai dormir sempre correndo.Ele conta  que sai as 9 horas , leva um susto e se lembra de que não cumpriu o ritual, é uma conversa rápida,informal,sem liturgias ou intermediários,em cima de uma moto mesmo,porque Deus entende a correria de quem precisa andar rápido para justificar a própria existência.

-Falo com Deus, só com ele.Peço que proteja minha vida.Estamos em uma roleta-russa.

A CATADORA

Uma família que vive do que os outros descartam fala das surpresas encontradas no lixo, integra o contingente de 3,1 mil carroceiros cadastrados na prefeitura de Porto Alegre.Carroceiros já não são mais apenas freteiros de pequenas cargas.São catadores seletivos de lixo que aperfeiçoaram nos últimos anos uma atividade até bem pouco vista com algum desdém.Eles sabem o que pode ser reciclado e render dinheiro.

Maria Francisca catadora de lixo reciclável:- Estou cansada desta vida. Queria um sitiozinho, longe desta faixa, com uns bichinhos e umas galinhas.

O FLANELINHA

Um dos poucos  espaços do centro de Porto Alegre ainda livres dos parquímetros que controlam e cobram pelo estacionamento fica ao lado do tribunal de justiça do Estado.È ali que Jonas Silva garante a sobrevivência,enquanto a chamada Área azul reduz a zona de atuação de colegas flanelinhas.O rapaz de 18 anos com a informalidade sobrevive e cresce no mesmo ritmo da cidade.jonas fala do ponto que explora ao lado do Tribunal de Justiça do Estado:- “Aqui só vem gente importante.São desembargadores.Acima deles,acho que só o governador do Estado”

O CAMELÔ

Há uma categoria e subcategorias entre camelôs de Porto Alegre.Cerca de 900 deles são licenciados pela prefeitura,uma elite que aos poucos conquistou o direito de atuar em áreas determinadas pelo município.Evaristo Mattos,62 anos, é um deles, numa atividade que tem mais de 1,5 mil vendedores informais de produtos contrabandeados ou piratas.A historia do camelô que admite ter pirateado marcas,mas garante que nunca fez contrabando.Figuras como Mattos substituem antigos que játeve acendedores de lampiões,vendedores de pães,leite e vassouras que iam de casa em casa.Evaristo diz que é preciso saber quem é quem:”Tem que separar o camelô licenciado dos eventuais qualquer mercadoria”

O VIGIA

Porto Alegre teve guardas noturnos numa época até por volta da metade do século passado em que os ladrões ainda eram figuras românticas que apenas furtavam.O guarda fardado desapareceu, a cidade ficou mais violenta, com latrocínios e seqüestros relâmpagos, e aos poucos as ruas foram tomadas pelo vigia, geralmente um profissional da informalidade, sustentado por contribuições de R$ 10,00 a 30,00 dos moradores.Cláudio Henrique Soares, 47 anos, fica seis horas e meia cuidando de uma rua do bairro Azenha:

-Ele conta que ouve vozes e sons estranhos.e vê sombras que se movem e não se identifica”

O MALABARISTA

Renan Ferreira de Souza tem 13 anos, freqüenta a 3ª serie do Ensino Fundamental da Escola Doutor Martins Costa Junior, do Partenon, e sabe ler tudo em letra de forma.Se as letras forem emendadas, vai pulando:

– Letra corrida eu sei,mas só a metade.

O menino faz malabarismos em sinaleiras o jeito novo que crianças e adultos de Porto Alegre arranjaram de camuflar pedidos de esmolas, são recompensados por um espetáculo de pouco mais de minuto com pedaços de pau,bolinhas e calotas de carro.

Renan diz que:

– O sonho do pobre é ser rico.Olha bem a diferença do rico pro pobre.Mas quero ser o que Deus me der”.

 A POLICIAL

Durante três anos, a soldado Marisete Costa de Bitencourt, 38 anos, vigiou Porto Alegre à noite, das 23h30min ás 6h30min.Marisete venceu barreiras, num reduto historicamente masculino.já participou de ocorrências com gente ferida,já ficou sozinha ao lado de mortos em conflitos.Mas nunca atirou em ninguém. :

– Seria bom se o policial nunca precisasse usar a arma, ou que só reagisse em legitima defesa.pesadas.Há cada vez mais bandidos nas ruas e menos policiais.

 Este é um programa dedicado ao jornalista Moisés Mendes que refletiu os anônimos de uma cidade que se perderão nas palavras das ondas de  radio e nas escritas de um jornal mas o que vale é que a sensibilidade registrou a capacidade de dar vida aos  cidadão de uma cidade . O resultado foi alcançado.

Trilha Musical Tributo a Bedeu/ Financiamento FUMPROARTE

Produção e Execução.
Geraldo Costa
Colaboração
Gilson DeCésaro

Coordenação Geral
Profª Sandra de Deus – Diretora Responsável pela Radio AM 1080.

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